• Dono de produtora pode ter motivado cancelamento da concorrência do Banco do Brasil

    Marcus Vinicius Sinval

    EM PRIMEIRA MÃO – Indicado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC) para participar da subcomissão técnica da concorrência do Banco do Brasil, Marcus Vinicius Sinval (foto) pode ter sido o pivô do cancelamento da disputa, originalmente ganha pelas agências Multi Solution, nova/sb e Z+.

    No comunicado em que oficializou a revogação do processo, o BB informou que “as investigações identificaram evidências de conflito de interesse que não foi declarado previamente à comissão por um dos integrantes indicados por órgão externo para compor a subcomissão técnica”. Pelo levantamento da Janela, os únicos membros indicados por órgãos externos foram Marcus Vinicius Sinval, do MCTIC, e, pela Embratur, Sérgio Flores de Albuquerque.

    Investigando os dois nomes, a Janela obteve a informação que Sinval consta do contrato social da Pixel 4 – Inteligência Digital Ltda – ME, empresa produtora de sites e projetos digitais e que atende pelo nome de fantasia de Pixel4 Comunicação. Sediada em São Paulo, ela foi aberta em 4 de abril de 2011, e tem como seu principal dirigente Roberto Angelino Filho.

    Não revelando claramente a quem acusava, o Banco do Brasil deixou para a imprensa tentar descobrir — e para as agências participantes fantasiarem — ao que se referia para tomar uma atitude tão radical quanto cancelar a sua licitação. E jogou para o colo de Marcus Sinval e de Sérgio de Albuquerque o peso da dúvida.

    Como Albuquerque não tem qualquer relação com empresa do mercado publicitário, o “conflito de interesse” apontado pelo BB, portanto, sobra potencialmente para o fato de a Pixel4 já ter realizado alguns trabalhos para a agência nova/sb, como a “Operação Chuvas de Verão”, para a Prefeitura de São Paulo, em 2014, que inclusive consta do portfolio da agência.

    Sinval, vale registrar, já teve relações com a própria prefeitura paulista. Segundo seu Linkedin, ele foi Secretário Executivo de Comunicação da Prefeitura entre fevereiro de 2006 e dezembro de 2012, período em que também foi criada a Pixel4. Entre 2015 e 2016, esteve na assessoria de comunicação do Ministério das Cidades e, desde junho de 2016, é assessor especial de Comunicação no MCTIC.

    Bob Vieira da Costa: "A nova/sb não teve qualquer favorecimento".
    Bob Vieira da Costa: “A nova/sb não teve qualquer favorecimento”.

    O diretor da nova/sb, Bob Vieira da Costa, nega qualquer favorecimento de Marcus Sinval à sua agência:

    – Essa história está muito mal contada. Se você tirar as notas identificadas que ele atribuiu à nova/sb, continuamos na mesma posição dentro dos resultados.

    Para a Janela, Bob lembrou ainda que “não cabia à nova/sb apontar o conflito quando o nome de Sinval foi sorteado para a subcomissão. Isso era função do Banco do Brasil”. O diretor da agência — que informou à Janela ter solicitado formalmente ao BB esclarecimentos sobre quem o órgão acusa de conflito de interesses — revelou ainda que nem foi a nova/sb que contratou a Pixel4 na época em que eles realizaram juntos seu primeiro trabalho, para o Metrô de São Paulo:

    – A Pixel4 foi contratada pela Prefeitura através de outra agência que tinha a conta anteriormente. Apenas nos repassaram a indicação de utilizá-la.

    Pedro Queirolo: "Quero provar a inocência da Multi Solution"
    Pedro Queirolo: “Quero provar a inocência da Multi Solution”

    Na Multi Solution, que havia se colocado em primeiro lugar na concorrência e “ganhou mas não levou”, o clima é de total revolta. Seu diretor Pedro Queirolo declarou à Janela que espera “que a Justiça seja feita e o Banco do Brasil valide o certame”.

    Queirolo preferiu não adiantar seus próximos passos, enquanto o Banco do Brasil não responder a solicitação que também a agência fez para que seja revelado o nome do membro da comissão acusado de conflito e qual teria sido a agência pretensamente favorecida:

    – A imprensa toda acusou a Multi Solution e agora, para nós, o mais importante é provar a nossa inocência. Fizemos o nosso melhor trabalho e ninguém nos favoreceu.

    A assessoria de imprensa do Banco do Brasil informou que as solicitações feitas pelas agências ainda estão na área jurídica e não poderia confirmar o nome do membro da subcomissão técnica a que se referiu a nota do banco. A Janela tentou contato com a Pixel4, através de Roberto Angelino Filho, sem obter retorno.

    Marcio Ehrlich

    Jornalista, publicitário e ator eventual. Escreve sobre publicidade desde 15 de julho de 1977, com passagens por jornais, revistas, rádios e tvs como Tribuna da Imprensa, O Globo, Última Hora, Jornal do Commercio, Monitor Mercantil, Rádio JB, Rádio Tupi FM, TV S e TV E.

    Envie um Comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


    Discussão

    1. Muito estranho isso. Se não foi comprovado o favorecimento, porque cancelaram? E mais… Basta revelar o nome do cidadão. Ao que está evidente, a vencedora do certame não faz parte do esquema de propina e vão dar a chance a outras…

    seta
    ×