• PERFIL: Armando Strozenberg, presidente da Abap Nacional e Chairman da Z+.

    Armando Strozenberg

    Ficar parado não é coisa para Armando Strozenberg, que conseguiu a proeza de construir sua carreira de sucesso juntando e misturando dois mercados extremamente competitivos: o jornalismo e a publicidade. Tarefa aliás, para alguém incansável como ele, que além de ser o atual chairman Brasil da Z+, é presidente nacional da Abap, sócio da Casa do Saber e ainda faz parte de 10 Conselhos – Museu de Arte Moderna, Orquestra Sinfônica Brasileira, Museus Castro Maya, Paço Imperial, Brazil Foundation, ESPM, entre outros. “E me dedico a eles”, faz questão de frisar Armando. A dedicação pode ser justamente o segredo do êxito na vida profissional ao longo de 42 anos.

    Armando José Strozenberg nasceu no dia 18 de julho de 1944, em São Paulo. Da família belga, herdou o primeiro nome, o mesmo de outros três primos, todos Armand, nascidos naquele país europeu.

    Nuta, pai de Armando, foi um dos primeiros montadores de televisores e fabricantes de rádios para carros do Brasil. Dedicou-se, inicialmente, à área mercantil, diferente da maior parte de sua família, ligada ao comércio de diamantes. Em 1954, Minnie Betty, mãe de Armando, foi aconselhada pelo médico a mudar de São Paulo, onde a família morava, para um balneário. A cidade escolhida pela família foi o Rio de Janeiro, onde, aliás, Nuta conheceu o empresário Jacob Steinberg, fundador da Servenco, com quem trabalhou por vários anos.

    Na Cidade Maravilhosa, Nuta se interessou por um novo negócio. A ideia era entrar para o ramo da construção civil. O leilão de um terreno no Flamengo aproximou Nuta e Steinberg, que tornaram-se sócios em diversas incorporações. A sociedade criou um laço de amizade entre os dois e suas famílias, tanto que uma das construções – um charmoso prédio que existe até hoje em Botafogo, em frente à praça Nicarágua – recebeu o nome de Betty, após o seu falecimento no final da década de 1950. O mesmo prédio onde moraram Jacob Steinberg e sua mulher Clara, além do filho Rogerio, um dos mais talentosos e polêmicos criativos do mercado publicitário carioca, que tempos depois viria a ser sócio justamente de Armando Strozenberg – na agência Estrutural.

    O JORNALISTA

    Ainda adolescente, Armando foi para os Estados Unidos – onde morava uma de suas irmãs -, enviado por seu pai. A ideia era dar ao menino uma boa formação acadêmica, que o ajudasse no futuro.

    Armando ficou dois anos por lá e, na volta, o inglês, que tornou-se o seu segundo idioma, facilitou sua estreia no jornalismo, levado por ninguém menos do que Zuenir Ventura, para estagiar no Diário Carioca. A fluência no idioma o fez ir rapidamente para a editoria internacional como repórter. A experiência, curta, foi semelhante à que viveria pouco tempo depois, no Jornal do Brasil, empresa na qual trabalhou por muitos anos, entre idas e vindas. Lá, convidado por Carlos Lemos, outro craque do jornalismo, ocupou alguns cargos. Entre eles, o de correspondente do jornal em Paris, entre outras razões, pela fluência que adquiriu no francês.

    Curiosamente, trabalhar em Comunicação não era um dos planos da vida de Strozenberg. Um dos objetivos do jovem Armando era cursar Ciências Políticas em Paris. Ao receber uma bolsa de estudos do governo francês para o curso, se deu conta de que, para encarar a nova empreitada, seria necessário falar bem a língua. Quatro meses antes de embarcar para Paris, e ao chegar lá, Strozenberg dedicou-se inteiramente ao estudo do novo idioma num curso voltado para universitários bolsistas. Sua pós-graduação, vale destacar, foi no Institut Français de Presse da Sciences Po, o Instituto de Estudos Políticos de Paris.

    Armando e Ilana Strozenberg
    Armando e sua mulher Ilana, casados há 49 anos. (Foto: Marcelo Borgongino)

    Um ano depois de aterrissar na capital francesa, em 1968, casou com Ilana – sua mulher até hoje – logo após a passeata dos Cem Mil, no Rio. Saíram da manifestação direto para a cerimônia civil e tiveram como padrinhos de casamento Ana Arruda Callado e Fernando Gabeira. Armando e Ilana se conheceram ainda no Rio e, à moda antiga, começaram a se corresponder por cartas, quando ele viajou para a França. A intensidade da paixão resultou em visitas mútuas, que acabaram no pedido de casamento aceito e consumado.

    Até o começo da década de 1970, Armando foi correspondente do Jornal do Brasil em Paris. Quando voltou ao Brasil, continuou no JB, primeiro como pauteiro e depois como editor de reportagem, convidado a assumir a função por outro grande nome do jornalismo, Alberto Dines.

    Armando Strozenberg coleciona boas histórias da época em que atuou no jornalismo. Ele conta que foi, por exemplo, o responsável por juntar dois brilhantes nomes do jornalismo brasileiro: Zózimo Barrozo do Amaral e Fred Suter. O primeiro, um dos mais competentes colunistas sociais, o segundo, seu interino por 23 anos e dono de um dos textos mais irreverentes e divertidos do colunismo do Brasil. Formaram uma dupla explosiva.

    “Eu tinha uma relação muito próxima com eles, o Zózimo era meu confidente e Fred tinha uma relação comigo de chefe querido”, relembra Armando.

    A dificuldade com os repórteres, que deixavam a desejar, o levou a tentar especializar os – 70 – profissionais e adequá-los às respectivas editorias. Fred Suter e Mário de Aratanha, dois deles, ficaram responsáveis pela editoria de comportamento e vida moderna. Ambos tinham um estilo mais sofisticado e se adequavam bem à função. Fred, que fora tradutor antes de se lançar no jornalismo, ainda falava – bem – outros quatro idiomas além do português, o que ajudava muito. A dupla se entrosou instantaneamente: “Acho natural que Fred fosse o nome indicado a trabalhar com Zózimo. Suter era um cara extremamente refinado, elegante e tímido. Era uma joia, numa redação com um monte de gente grossa”, relembra Aratanha, que continua: “Saíamos – depois do trabalho – para o que chamávamos de nossa sessão de psicanálise: assistir filmes nos cinemas da Cinelândia.”

    Sobre Strozenberg, Mário não é menos generoso: “Ele é um dos sujeitos mais elegantes que conheço. No vestir e no tratar com as pessoas. Elegância que transpira por todos os poros. Gosto muito dele.”

    O PUBLICITÁRIO

    Nuta, pai de Armando, faleceu no meio da década de 1960, depois de perder toda a sua fortuna. Os investimentos de até então no mercado de imóveis deixaram de ir bem, levando-o ao mercado de futuro de moedas, onde quebrou. A decadência do próprio pai deu um choque de realidade em Armando, que a partir dali passou a enxergar a vida com outros olhos, talvez mais pragmática.

    Quando ainda era chefe de reportagem do JB, cansado de ser cobrado, diariamente, pela Polícia Federal daquilo que publicavam no jornal — anos 70, época da terrível ditadura militar –, Armando recebeu um telefonema do ex-parceiro de negócios de seu pai, o empresário Jacob Steinberg. Ele queria conversar sobre a situação de seu filho, Rogerio, que andava sem rumo definido. Jacob pediu que Armando tentasse estimular seu herdeiro a encontrar uma atividade profissional que o agradasse.

    Rogerio Steinberg, Dunshee de Abranches e Armando Strozenberg
    Nos anos 80, Rogerio Steinberg e Armando Strozenberg ladeiam Antônio Augusto Dunshee de Abranches, então presidente do Flamengo, no evento da Estrutural para a inauguração do edifício Flamengo Park Towers, na Praia do Flamengo, 66, onde o clube nasceu.

    Strozenberg já tinha colocado um pé no mundo da publicidade. Antes de trabalhar no Jornal do Brasil, no início de sua vida profissional, ele chegou a ter uma rápida experiência, como redator, numa agência, a Detalhe, de Moyses Fuks e David Klajmic.

    Agora, ele poderia voltar ao mercado como dono. A conversa com Rogerio Steinberg foi proveitosa e ambos se tornaram sócios, lançando a agência Estrutural em 1976. Os dois primeiros clientes da dupla foram a MG500 e a Servenco – de Jacob Steinberg. “O Rogerio era diretor de arte e basicamente um pintor. Eu introduzi a ideia de que o jornalismo e a informação do dia a dia poderiam ser usados na publicidade”, relembra Strozenberg. Em pouco tempo, a Estrutural deslanchou no mercado publicitário e conquistou clientes como: DuLoren, Rachel, Sapasso, Adonis e Formiplac. Sete anos depois da criação da Estrutural, descontente com a rebeldia de Rogerio — que Armando já considerava improdutiva –, ele começou a pensar em deixar a agência. “Eu tenho o maior orgulho de ter participado da Estrutural. Tivemos a sorte de ter profissionais como Marina Colassanti, que levou seu olhar de jornalista – assim como eu – para a publicidade”, avalia Strozenberg.

    Com os amigos sabendo da insatisfação, começaram a surgir novas oportunidades. Convidado por Armando Nogueira para trabalhar na TV Globo, como editor do Jornal Internacional, Armando Strozenberg viu ali a chance de ouro de deixar para trás, de vez, o estresse de sua relação com Rogerio. Só que, quase ao mesmo tempo, Ilana, sua mulher, revelou que estava grávida de gêmeos. Resultado: Armando decidiu estar próximo à família e recusou o convite.

    O que Strozenberg não contava era com o pedido de ex-clientes da Estrutural, para que ele criasse uma outra agência. Isso irritou Rogerio Steinberg, que entendeu a situação como um complô armado por Armando. Um dos ex-clientes, José Isaac Peres, do grupo Multiplan, se colocou à disposição inclusive para uma sociedade. E, movido pelo incentivo de outros cinco clientes, Strozenberg acabou criando a Contemporânea em 1983. Era o sócio majoritário, com 55%, enquanto os outros seis dispunham dos 45% restantes.

    Armando Strozenberg, Mauro Matos e José Calazans.
    “Los Tres Amigos” da Contemporânea: Armando Strozenberg, Mauro Matos e José Calazans.

    Formada a estrutura da nova agência, Armando saiu em busca de um criativo. Com a indicação de José de Paula Machado, chegou até Mauro Matos, responsável pelas campanhas do Jornal do Brasil, onde Strozenberg trabalhara. “Quando nos conhecemos, eu e Mauro passamos oito horas ininterruptas conversando! Terminamos completamente bêbados e apaixonados um pelo outro”, brinca Armando.

    Matos começou como diretor de criação. A ideia era, caso tudo desse certo, fazer da sociedade o passo seguinte, coisa que realmente veio a acontecer dois anos depois da criação da Contemporânea. Foram sócios por 20 anos. “Entre nós jamais houve competição. Não queríamos competir, queríamos ser profissionais melhores”, conta Matos. E continua: “Tínhamos um objetivo comum: a qualidade. Strozenberg me deu o que eu precisava: liberdade e carta branca para criar. E eu dei a ele carta branca para usar o meu trabalho.”

    A eles se juntou ainda José Calazans, que segundo Armando, tomaria conta do “playground”: “Mauro será o ground e eu o play e precisaremos de alguém para tomar conta disso”, relembra, rindo. Diferente da Estrutural, o clima entre os sócios era o melhor possível. Havia, segundo o próprio Armando, respeito mútuo. “Por lá passaram alguns dos melhores profissionais do mercado, mais de 100 – nomes como André Pedroso e Adilson Xavier. E mais: era uma agência que encarava os clientes. Isso, infelizmente, não acontece mais. As agências, hoje, temem seus clientes, e esse era um dos segredos para dar certo”, acredita Armando.

    Mauro Matos e Armando Strozenberg têm, há alguns anos, um projeto que sairá do papel e será lançado, provavelmente, ainda este ano. Um livro, que contará a história da Contemporânea e registrará um dos períodos mais férteis da propaganda carioca.

    DURO NA QUEDA

    Em meados da década de 1990, no Hotel Copacabana Palace, Armando provou que é – muito – duro na queda, sobrevivendo a um grave acidente.

    “Tenho um anjo da guarda poderoso. Eu poderia ou ter morrido, ou ter ficado tetraplégico. As duas possibilidades eram de 95%”, relembra. E continua: “Consegui cair no único lugar em que eu poderia ter sobrevivido.”

    Um de seus clientes estava sendo homenageado naquela noite, naquele hotel. Strozenberg estava ansioso e preocupado com o cliente, que era cardíaco. Quando conseguiu relaxar de toda aquela tensão, decidiu ir para a mureta da varanda que fica de frente para a famosa avenida Atlântica. O calor insuportável do verão carioca e o abafamento provocaram um mal estar súbito e o desmaio. A queda foi inevitável. Caiu dentro de um dos poucos vasos de planta que ficavam na frente do hotel, o que acabou por amortecer sua queda e salvar-lhe a vida.

    Perdeu seis centímetros de altura, numa recuperação que durou três meses e valeu um período de profunda reflexão interior: “Tudo o que aconteceu me permitiu rever a vida e fazer escolhas, do que sim e do que não servia para mim de verdade”, avalia Armando.
    Amigo querido dos colunistas da época, Strozenberg e seu acidente logo viraram notas nas principais colunas. Entre aquelas que Armando lembra até hoje, a da coluna do Swann, no jornal O Globo: “O Armando Strozenberg é tão chique, mas tão chique, que só podia escolher o Copacabana Palace para cair da sua famosa varanda de frente para o mar.” E no Jornal do Brasil: “O lado tucano do Armando Strozenberg é tão forte, que ele nem caiu, nem não caiu: ele sobreviveu à queda.”

    As escolhas de Strozenberg passaram a ser mais rigorosas desde então, tanto que decidiu ficar de fora de uma das manias nacionais: as redes sociais. Só as utiliza profissionalmente e não mantém perfil em nenhuma delas. “Eu sou muito comprometido com o que faço, não ia conseguir olhar para o Facebook e não entrar. Então tomei a decisão de não fazer parte. Preferi ser apenas anunciante do Facebook”, conta Armando.

    Orlando Marques e Armando Strozenberg
    Orlando Marques passa para Strozenberg a presidência nacional da ABAP.

    Em outubro do ano passado, quando era o primeiro vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade, a Abap, Armando foi chamado a assumir a presidência da entidade até a próxima eleição, que acontecerá no segundo trimestre deste ano. Ele substituiu Orlando Marques, que afastou-se para se dedicar a um projeto de consultoria no Ibope.

    Quase ao mesmo tempo, Strozenberg também acabara de mudar de função no Grupo Havas. Antes chairman da Havas Worldwide – agência que em abril do ano passado passou a integrar o Havas Creative Group -, passou a ser o chairman Brasil Z+, que incorporou o escritório da Havas Worldwide.

    O Grupo Havas, vale dizer, em 2008, absorveu a Contemporânea de Armando Strozenberg.

    COISAS DE CASAL

    Da união de Armando e sua mulher, Ilana, nasceu o casal de gêmeos Rodrigo e Maria Clara. O primeiro neto de Armando, Antônio, nascerá no próximo mês. Será neto e filho de publicitários, pois Rodrigo também atua no mercado da propaganda, mais precisamente na Thompson, em São Paulo.

    Rodrigo, Armando e Alan Strozenberg
    Em Cannes, os três publicitários da família Strozenberg: Armando, ao centro, tendo seu filho Rodrigo à sua direita, e seu sobrinho Alan, filho do irmão Salomon, à sua esquerda. (Foto publicada no jornal propmark)

    Doutora em Antropologia, Ilana chegou a trabalhar por um tempo com o marido na Contemporânea, quando a ideia era experimentar os resultados da antropologia nas pesquisas da agência. “O que acabou sendo uma coisa absolutamente descobridora”, conta Strozenberg. Apesar disso, a carreira acadêmica de Ilana falou mais alto e ela voltou a trabalhar exclusivamente na UFRJ.

    O hobby do casal, nos raros momentos livres que desfrutam, é viajar. “É o que a gente faz mais”, entrega Armando, que é apaixonado por ilhas e, junto com Ilana, já conheceu mais de 50 delas.

    Viajam tanto, que colecionam histórias, como a do ano passado, quando estavam no lounge da Air France, dentro do aeroporto Charles de Gaulle e, de repente, um pelotão de soldados armados de metralhadoras, granadas de mão, e pistolas ordenavam aos gritos que todos deveriam abandonar o aeroporto. Por volta de 30 mil pessoas foram obrigadas a sair, ao mesmo tempo, porque alguém abandonou uma mala gigantesca na imigração e, por medida de segurança, o local foi evacuado. Armando, Ilana e todas as outras pessoas se viram numa auto estrada que levava ao aeroporto de Paris, sem que pudessem sequer avisar aos parentes por telefone ou por mensagens, como parte das mesmas medidas de segurança, que visavam impedir supostos terroristas de atacar a população que andava à margem da auto estrada, caso viessem a saber da manobra da polícia francesa. A notícia não foi publicada em lugar nenhum, como parte de um acordo internacional de combate ao terrorismo.

    O SCHINDLER BRASILEIRO
    Embaixador Luiz Martins de Souza Dantas
    O embaixador Luiz Martins de Souza Dantas

    Nem só Armando Strozenberg viveu histórias dignas de serem contadas, em sua família. Seu pai, Nuta, veio ao Brasil graças a um personagem que, em breve, vai virar filme: Luiz Martins de Souza Dantas, embaixador do Brasil na cidade de Vichy, França, no início da década de 1940, e que hoje é chamado de o Oskar Schindler brasileiro, por ter ajudado muitas pessoas que queriam fugir dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Uma lista, aliás, maior até que a de Schindler.

    Segundo Armando soube por sua tia Ana, um dos que procuraram Souza Dantas foi o oficial de cavalaria do exército belga, Charles Wolkovier – contraparente de Armando Strozenberg que acabara de cumprir o serviço militar -, e criara uma boa relação com o militar.

    Nuta, o pai de Armando era o filho mais velho da família Strozenberg, funcionava como um líder do clã. Charles então deu a dica a ele do embaixador, que poderia conceder o laissez-passer – documento de viagem emitido pelo governo francês – para toda a família. Com isso, os Strozenberg chegariam a Portugal, onde o cônsul brasileiro emitiria o visto para deixarem a Europa. Quase um roteiro de Casablanca.

    Nuta foi então à Vichy conversar com o embaixador, que o recebeu e imediatamente concedeu o laissez passer para toda a família Strozenberg. Grato pela ajuda, Nuta ofereceu ao embaixador o dinheiro que havia levado em uma maleta como forma de agradecimento. Para sua surpresa, o embaixador recusou, mas deu a ele o endereço para onde poderia levar aquela quantia. O pai de Armando foi então para o local indicado. Chegou a um prédio comum, subiu até o terceiro andar, foi recebido por uma pessoa que já aguardava e o levou para mostrar em prol de quem reverteria aquele dinheiro. Por uma passagem secreta, chegaram a uma enfermaria gigantesca onde estavam sendo cuidados os franceses que enfrentavam os alemães – eram alguns dos soldados do Movimento de Libertação da França. Ali era a Cruz Vermelha.

    Nuta voltou para a Antuérpia, mas seus pais não quiseram acompanhá-lo e foram deportados.

    A história de Souza Dantas está no livro “Quixote das Trevas”, de Fabio Koifman, historiador da UFF, que fez a sua tese de doutorado em cima dos arquivos do Itamaraty do período da guerra.

    Um longa sobre o embaixador deverá ser lançado em março deste ano, produzido por Tuinho Schwartz e Joaquim Vaz de Carvalho e dirigido por Luiz Fernando Goulart. Para o filme, Strozenberg também deu depoimento, narrando a história acima.

    Renata Suter

    Jornalista

    Envie um Comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


    Discussão

    1. Benjamin Rapson

      Gostaria de saber o e-mail do sr.
      Armando Strozemberg.
      Ou outra forma de comunicação.

    seta
    ×